O efeito da crise europeia já chega às commodities agrícolas e o primeiro a sentir seus impactos negativos é o açúcar, que desde o início do colapso na Grécia apresentou queda de 44,6% nos preços. A Bolsa de Nova York aponta que em meados de abril o açúcar estava em 16 centavos de dólar por libra-peso até cair para os atuais 13,82 centavos de dólar por libra-peso. "É uma queda significativa. O resultado é negativo porque a commodity geralmente compensa a valorização do dólar", disse Miguel Biegai Júnior, analista da Safras&Mercado.
De acordo com Arnaldo Luiz Corrêa, gestor de riscos da Archer & Consulting e especialista em derivativos agrícolas, o panorama de hoje deve ser somado à percepção do mercado em relação ao aumento da produção no Brasil e na Índia. "Desde o início de fevereiro, a perda acumulada nos preços do açúcar é de 53%. E a última vez que assistimos o mercado desmoronar dessa forma foi em junho de 1975", explica Luiz Corrêa.
Ao fim de fevereiro, o contrato de julho estava cotado em 25 centavos de dólar por libra-peso, considerado preço topo e histórico do contrato, conforme afirmou Biegai. "A oferta mundial, com destaque para Brasil e Índia, estava crescendo e o mercado percebeu até derrubar o preço". Em abril, a queda parou na casa dos 16 centavos de dólar por libra-peso por fatores intrínsecos do mercado global e justo para a comercialização, contou o especialista da Safras.
Para Eduardo Leão de Sousa, diretor executivo da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), o impacto da crise gerou problemas no mercado de açúcar, de maneira geral, e com todas as outras commodities. "É um movimento causado com certo pânico dos fundos. Foi uma surpresa muito grande, principalmente com a saída dos especuladores do mercado", afirmou o executivo.
Além disso, o que deve prevalecer no médio prazo são os fundamentos. "Agora, a curto prazo, é fase de especulação", disse.
acostumados deve diminuir. No entanto, vai continuar em um ritmo mais vagaroso", comentou.