Educação

Dez mil brasileiros estudam Medicina em Pedro Juan Caballero



Facilidade de acesso e mensalidade até dez vezes mais barata atraem pelo menos 10 mil brasileiros que hoje estudam Medicina em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Com a demanda crescente, novas instituições de ensino se preparam para se instalar na cidade – que fica na divisa com Ponta Porã, no Brasil –, enquanto universidades já estabelecidas ampliam suas unidades. O alto investimento necessário para estudar Medicina em faculdades particulares brasileiras, aliado à concorrência grande dos processos seletivos em universidades públicas do País, ajudou a popularizar a alternativa paraguaia. Thaís dos Santos, 22 anos, está a 1,5 mil quilômetros da cidade natal, a pequena Felixlândia (MG), de 15 mil habitantes, para realizar o sonho de se tornar médica. A mineira conta que a mensalidade durante o primeiro semestre pela Universidad Politécnica y Artística del Paraguay (Upap) custa 1 milhão de guaranis – aproximadamente R$ 700. “Uma das vantagens é que não tem vestibular. A gente passa por um curso de nivelação, apenas”. O curso de Medicina foi o mais disputado do vestibular 2018 da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), instituição pública, com 144 candidatos por vaga. Calouros, Thaís e três colegas recebiam o tradicional “trote” em Ponta Porã, vizinha a Pedro Juan, pedindo moedas para motoristas em um semáforo da Avenida Brasil. Dejivane de Melo Dias, 21, e Jean Carlo Archeman, 25, percorreram os quase mil quilômetros que separam Sertãozinho (SP) da fronteira com o Paraguai para estudar Medicina. Já Vanessa Moraes, 22, rodou 1,4 mil quilômetros desde Brasília (DF). “Na minha cidade, eu pagaria no mínimo R$ 8 mil por mês. E aqui em Pedro Juan o ensino é muito bom, de qualidade”, discorre a brasiliense. Segundo ela, a maioria dos colegas de classe também são brasileiros. De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2017, elaborado pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), a mensalidade do curso de Medicina custa, em média, R$ 6,2 mil. O valor é quase três vezes superior à segunda graduação mais cara, Odontologia (R$ 2,1 mil).Hoje, oito instituições de ensino formam médicos no município paraguaio. O número supera Campo Grande, onde somente a Uniderp, a UFMS e a Uems têm a graduação. De acordo com o governador do departamento de Amambay, Ronald Acevedo, a maior fatia dos estudantes mora em Ponta Porã, mas o lado paraguaio se estrutura para poder alojar os brasileiros.

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