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Mappin volta ao mercado até 2013, diz diretor da Marabraz



Tradicional loja de departamentos, a rede Mappin voltará ao mercado em até três anos, depois de ter fechado suas portas no mercado paulista. Quem garante é Nasser Fares, diretor-geral da moveleira Marabraz, que comprou a marca Mappin em dezembro, por R$ 5 milhões, em um leilão. O nome da empresa está avaliado em R$ 12 milhões. Em entrevista ao DCI, o executivo afirmou que o relançamento do Mappin está descartado para este ano, mas acontecerá em 2 ou 3 anos no máximo. "Este ano vamos começar uma série de estudos para saber como será estruturada a loja." De acordo com Fares, a nova rede terá um ramo de atuação diferente das lojas de móveis Marabraz. A possibilidade de trabalhar com a venda de eletroeletrônicos não está descartada. "Pode ser dessa forma também, mas ainda é cedo para dizer exatamente", afirmou. Especialistas consultados pela reportagem foram unânimes em dizer que é pouco provável uma voltar do Mappin "nos moldes antigos". Ou seja, com venda de produtos variados. Para o professor Cláudio Felizoni do Programa de Administração do Varejo (Provar) o varejo, hoje, não é propício para abrigar lojas de departamentos e vê o relançamento da marca como uma estratégia da rede Marabraz para ganhar mercado com a diversificação de itens. "Parece que a ideia é ampliar a participação na venda de bens duráveis usando a carteira de clientes que eles já têm", diz o professor. O professor também acredita que a diversificação do mix seja uma forma de se posicionar no mercado com uma marca forte e assim ganhar fôlego. "Não podemos esquecer que hoje a CBM domina 70% do varejo", diz. Outro que acha pouco provável a volta do Mappin como rede de departamentos é Luiz Góes, sócio sênior da Gouvêa de Souza & MD, consultoria especializada em varejo. Segundo Góes, em uma década - tempo em que a varejista ficou fora do mercado - o setor mudou significativamente e isso pode fazer com que a nova administradora tenha interesse em relançar a marca sob novas perspectivas. "Acho que vai ser diferente. O formato de lojas de departamento, [como nos EUA] praticamente desapareceram no Brasil". Mudança Apesar do forte apelo que a marca ainda traz, os consultores acreditam que, antes do relançamento é preciso fazer um extenso trabalho de marketing para reforçar o nome na memória dos consumidores mais jovens. Para Luiz Góes, o apelo do Mappin não comum após décadas. A rede foi trazida para o Brasil em 1913 e foi famosa até 1999 quando faliu. "É impressionante a força desse nome. Ainda mais com o fim melancólico que a empresa teve", diz. Felizoni também acredita que o grande atrativo para as futuras operações sejam a força da marca, mas acredita que é preciso investimento na mudança de perfil da rede para atrair às gerações mais jovens. "Eles dominaram a cena do varejo durante décadas, mas será preciso pensar que o varejo mudou nos últimos anos", diz o professor. Em comunicado a moveleira afirma que a gestão da nova loja "será feita de forma absolutamente independente dos atuais negócios. Porém tudo indica que a Marabraz caminha para uma mudança no perfil do seu público-alvo, ao começar a fabricar móveis mirando a classe média e média alta -antigos consumidores do Mappin, como contou Nasser Fares. "Agora queremos atingir as classes AB". Dificuldade Como noticiou o DCI de ontem, a Marabraz poderá ter dificuldades para com o negócio, caso aprovado o projeto de lei nº 5945/09, do deputado (suplente) Professor Victorio Galli (PMDB-MT), que transfere as obrigações trabalhistas pendentes da direção anterior da massa falida para o arrematante. A aquisição da marca aconteceu por meio da LP Administradora de bens, do empresário Adiel Fares, um dos quatro sócios da Marabraz, durante um leilão, em dezembro passado. O leilão terminou após uma pane no sistema e, por ter dado o último lance, Adiel levou o nome por R$ 5 milhões - menos da metade do valor de mercado R$ 12 milhões. Móveis Apesar do crescimento nas vendas de móveis nos últimos dois meses, por causa da redução do Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI) Nasser Fares acredita que o setor pode ter crescimento tímido este ano, caso se confirme o aumento de 8,5% na matéria prima (chapas de madeira) para a fabricação dos produtos. "Acho importante que a gente possa comprar do mercado externo também", diz o diretor da rede Marabraz. Para Fares, o crescimento do setor deve ser na ordem de 10% este ano, com o crescimento imobiliário, mas é preciso cautela porque remarcações podem assustar os consumidores. "As vendas melhoraram, mas tenho medo de alta nos preços."

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