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Prefeito paulista na média tem 50 anos e não domina outro idioma



O prefeito típico de um município paulista é homem, tem 50 anos, é católico e nasceu na cidade que governa. Possui formação superior em uma área do conhecimento tradicional (como engenharia, direito, medicina ou administração), não domina um segundo idioma e, em um futuro próximo, pretende dedicar-se ao estudo de temas que melhorem sua carreira de gestor público. Para se manter informado, o prefeito costuma acessar a Internet e ler jornais, tanto os de sua região quanto os de grande circulação. A análise estatística e qualitativa dos dados mostra os caminhos que serão trilhados pelos novos governantes nos próximos quatro anos. Além de trazer algumas positivas e importantes descobertas na agenda dos eleitos, que apontaram o aperfeiçoamento da gestão como um dos principais desafios, juntamente com a geração de emprego e renda e o desenvolvimento econômico. A publicação também possibilita uma reflexão a respeito de formas eficientes de se trabalhar em conjunto com as administrações municipais, a partir da visão dos próprios governantes. “Os prefeitos são os principais parceiros do governo de São Paulo e, por isso, saber quem são, o que pensam, quais são suas prioridades, seus objetivos e metas, é fundamental para melhorarmos nosso trabalho e parceria, adequando nossas políticas e projetos ao que pretendem em seus municípios”, enfatiza Bruno Caetano, secretário estadual de Comunicação. Nos meses de novembro e dezembro de 2008, foram entrevistados 624 prefeitos, o que representa 96,7% do total de 645 municípios do Estado. Os novos prefeitos do Estado de São Paulo são a favor do fim da estabilidade dos funcionários públicos e contra o direito de greve irrestrito para todas as categorias profissionais. Também defendem a privatização, mas se dividem em relação à redução da jornada de trabalho. Esse é o retrato dos novos chefes das prefeituras paulistas, segundo pesquisa promovida pelo Cepam (Fundação Prefeito Faria Lima) e pela Secretaria de Comunicação do governo do Estado .Realizada no fim de 2008, a pesquisa ouviu 624 dos 645 prefeitos do Estado eleitos no ano passado e já reflete um temor da crise financeira mundial, o que fica evidenciado na preocupação com a criação de emprego. A pesquisa também escancara a tradição da troca de partidos entre os políticos. Segundo o levantamento, 69,3% dos prefeitos já trocaram de legenda. Como os prefeitos têm, em média, 15 anos de filiação partidária, parte dessa "infidelidade" pode ser explicada pela atuação política no regime militar - durante a maior parte desse período só era permitida a existência da Arena ou do MDB. PMDB é o partido que mais abrigou prefeitos. E o PT, o que tem a maior rejeição - 20% dos prefeitos não se filiariam a ele. A resposta, no entanto, reflete a coloração partidária do Estado: o PSDB, do governador José Serra, o DEM e o PMDB, ambos da base aliada estadual, controlam 55% das prefeituras. Em relação a questões gerais, a que mais divide os prefeitos é a redução da jornada de trabalho - tema que ganhou peso em razão da crise econômica. Dos entrevistados, 49% disseram ser a favor e 47% se posicionaram contra. Prefeitos do PT e do PMDB são majoritariamente a favor da redução. Os do PSDB, DEM e PTB, contra. Na pergunta sobre a desregulamentação do mercado de trabalho, 74% declararam ser a favor. Em relação ao direito de greve irrestrito para todas as categorias profissionais, até funcionários públicos, 66% dos prefeitos disseram ser contra. Declarando-se preocupados em executar uma boa gestão, a maioria dos prefeitos (60%) defende o fim da estabilidade do funcionalismo. O porcentual dos que são a favor é maior entre os prefeitos do PSDB (65%). "Está acontecendo um movimento no eleitorado no qual a qualidade da gestão é o que faz a diferença", avaliou Felipe Soutello, presidente do Cepam. Quando o assunto é privatização, PT e PSDB têm posições distintas. No PSDB, 51% dos prefeitos são a favor. Entre petistas, apenas 30%. "Há uma clara distinção entre PT e PSDB. Pode ser que no poder façam coisas parecidas, mas dá para reconhecer a marca de cada um", disse Fernando Limongi, presidente do Cebrap, que participou da pesquisa. O levantamento também mostra que mais da metade dos prefeitos paulistas já teve algum familiar eleito para cargo público. Considerando-se as prefeitas, três em cada quatro têm familiares que já foram eleitos - na maioria dos casos, os maridos. Crise A pesquisa, disse Soutello, já reflete preocupação com a crise econômica. Nos três primeiros meses do ano, houve uma queda real de 12,57% no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal fonte de receita de municípios pequenos. A geração de emprego e o desenvolvimento econômico são a principal carência em dois terços das cidades paulistas. "É claro que emprego é sempre uma preocupação, mas o destaque dado é em razão dos efeitos da crise", afirmou Soutello. A principal demanda dos prefeitos para o governo federal, com quem 78% pretendem ter uma relação "boa" e "muito boa", é na área de infraestrutura - muitos citaram o PAC. A relação "boa" e "muito boa" alcança mais de 95% no PT. Em relação ao Estado, 92,5% dos prefeitos pretendem ter uma relação "boa" e "muito boa". Entre os tucanos, esse porcentual chega a quase 70%. A principal demanda também é na área de infraestrutura.

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